domingo, 30 de setembro de 2012

Vitória da democracia nas eleições da UFPel


O descompasso no desenvolvimento regional do Rio Grande do Sul já era objeto de debates na década de 1980 quando, inclusive, houve uma proposta legislativa de criação de um Estado na Metade Sul.  O principal diagnóstico da pobreza do Sul era a falta de influência política da região em Brasília.
Já no século XX alguns estudiosos tem complexificado esse diagnóstico, atribuindo às relações de poder difusas entre sociedade e Estado aquele estado de coisas. Passou-se a interpretar o subdesenvolvimento regional através da incorporação de vários conceitos e categorias tais como patrimonialismo, paternalismo, clientelismo, relações verticais, desconfiança entre outros.
Quando me tornei professor desta universidade, em 2009, percebi duas situações muito evidentes: (i) o conflito entre estes dois diagnósticos, a falta de influência política da região no poder central e, de outro lado, a existência de um cultura política com muito pouco capital social; (ii) a imersão da  UFPel na cultura política regional e, portanto, sua relação contraditória com a democracia e a res publica;
Isto evidencia as razões da criação do Núcleo de Estudos em Políticas (NEPPU) que é completamente interessado em contribuir com a interpretação das relações entre Estado e sociedade e, também, com a qualificação da ação daquele, superando seu histórico de patrimonialismo, paternalismo e clientelismo. 
Não é por outro motivo que louvamos o processo de consulta à comunidade que elegeu como reitor desta universidade, para o período entre 2013 e 2016, o professor Mauro Del Pino, cujo programa tem um compromisso claro e evidente com a democratização e transparência institucional e com a qualidade, excelência e publicidade da educação superior.
Além disso, nos orgulha ter realizado as pesquisas de opinião que mostraram claramente a tendência do eleitorado durante o processo de consulta que, depois, foi confirmada nas urnas.
A discussão, o contraditório, a disputa de interesses, enfim, a democracia implica em firmeza para permitir todas as falas e dureza para enfrentar o debate, não obstante é necessário muita ternura para implementar as decisões tomadas.


HEMERSON LUIZ PASE
Coordenador do núcleo de estudos em política públicas 
e professor em ciência política do PPGCPOL/UFPEL