O descompasso no desenvolvimento regional do Rio Grande do Sul já era
objeto de debates na década de 1980 quando, inclusive, houve uma proposta
legislativa de criação de um Estado na Metade Sul. O principal
diagnóstico da pobreza do Sul era a falta de influência política da região em
Brasília.
Já no século XX alguns estudiosos tem complexificado esse diagnóstico,
atribuindo às relações de poder difusas entre sociedade e Estado aquele estado
de coisas. Passou-se a interpretar o subdesenvolvimento regional através da
incorporação de vários conceitos e categorias tais como patrimonialismo,
paternalismo, clientelismo, relações verticais, desconfiança entre outros.
Quando me tornei professor desta universidade, em 2009, percebi duas
situações muito evidentes: (i) o conflito entre estes dois diagnósticos, a
falta de influência política da região no poder central e, de outro lado, a
existência de um cultura política com muito pouco capital social; (ii) a imersão
da UFPel na cultura política regional e, portanto, sua relação
contraditória com a democracia e a res publica;
Isto evidencia as razões da criação do Núcleo de Estudos em Políticas
(NEPPU) que é completamente interessado em contribuir com a interpretação das
relações entre Estado e sociedade e, também, com a qualificação da ação
daquele, superando seu histórico de patrimonialismo, paternalismo e
clientelismo.
Não é por outro motivo que louvamos o processo de consulta à comunidade
que elegeu como reitor desta universidade, para o período entre 2013 e 2016, o
professor Mauro Del Pino, cujo programa tem um compromisso claro e evidente com
a democratização e transparência institucional e com a qualidade, excelência e
publicidade da educação superior.
Além disso, nos orgulha ter realizado as pesquisas de opinião que
mostraram claramente a tendência do eleitorado durante o processo de consulta
que, depois, foi confirmada nas urnas.
A discussão, o contraditório, a disputa de interesses, enfim, a
democracia implica em firmeza para permitir todas as falas e dureza para
enfrentar o debate, não obstante é necessário muita ternura para implementar as
decisões tomadas.
HEMERSON LUIZ PASE
Coordenador do núcleo de estudos em política públicas
e professor em ciência política do PPGCPOL/UFPEL.